Os desafios e avanços na saúde

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O Folha Metropolitana apresenta uma matéria exclusiva, com um levantamento detalhado sobre a real situação da saúde pública nos municípios da região. Os dados mostram onde houve progresso, aonde precisa melhorar e os contrastes que marcam a vida de quem depende do Sistema Único de Saúde.

A crise da saúde pública é uma realidade em todo o Brasil. Governos nas três esferas, federal, estadual e municipal, enfrentam dificuldades estruturais, financeiras e de gestão para garantir atendimento digno à população. Nos municípios, a demanda por serviços cresce de forma acelerada, exigindo das prefeituras cada vez mais esforço e criatividade para manter a rede funcionando.

Apesar do cenário desafiador, algumas cidades da região vêm se destacando com iniciativas que ampliam e qualificam o atendimento à população. É o caso de Magé e Guapimirim, que têm investido fortemente na estrutura da saúde pública. Cachoeiras de Macacu também apresenta avanços importantes nos últimos anos. Já Teresópolis vive uma realidade preocupante, com sérias dificuldades de gestão e infraestrutura.

Em todo o Brasil, as prefeituras enfrentam um grandes desafios para oferecer um atendimento de saúde de qualidade

O município de Magé vive uma revolução na área da saúde com uma série de entregas e investimentos que estão ampliando o acesso e a qualidade dos atendimentos. Entre os destaques está a inauguração do novo Hospital Municipal de Magé, que conta com 62 leitos — sendo 10 de CTI —, duas salas de cirurgia, exames de raio-x e tomografia, além de uma ala pediátrica ampliada que se tornou o Hospital da Criança. Outro marco importante foi a entrega do Complexo de Saúde de Mauá, que reúne diversos serviços em um só lugar: UPA 24h, Unidade de Saúde da Família (USF), Centro de Especialidades, Fisioterapia, Odontologia e exames de imagem. A atenção básica também ganhou reforço com a abertura e reestruturação de 13 unidades de saúde e a ampliação de outras seis.

O Hospital Municipal de Magé foi totalmente reformado e conta com novos equipamentos e equipes completas

Na atenção especializada, a cidade firmou parceria com o Hospital do Olho, responsável por mais de 55 mil atendimentos, incluindo consultas, exames e cirurgias oftalmológicas. Além disso, Magé conta agora com um novo Centro de Imagem, que realiza cerca de 2,5 mil exames por mês. A odontologia também foi ampliada com a inauguração do Centro de Especialidades Odontológicas de Piabetá, que oferece atendimento com especialistas como endodontista, buco-maxilo-facial e odontopediatra. Outras 20 unidades de saúde agora também disponibilizam atendimento odontológico. A frota do município ganhou 50 novas ambulâncias, melhorando o tempo de resposta nos atendimentos. A Farmácia Popular passou a atender cerca de 3,2 mil receitas por mês, garantindo acesso gratuito a medicamentos básicos. Entre as próximas entregas está a nova UPA 24h de Fragoso, com capacidade para atender até 10 mil pessoas por mês e estrutura completa, incluindo tomografia, ultrassonografia, laboratório e ortopedia 24h.

Também estão em construção o novo Centro de Fisioterapia de Fragoso e o Complexo de Saúde da Vila Nova, que contará com uma UBS e um moderno Centro de Equoterapia. O grande projeto da gestão é o Hospital Geral Nossa Senhora da Piedade, que está em fase avançada de obras e será referência em traumato-ortopedia. A unidade terá mais de 150 leitos, sendo 30 de CTI, além de centro cirúrgico e centro de imagem de alta complexidade.

Guapimirim: exemplo de gestão e eficiência na aplicação de recursos públicos

Nos últimos quatro anos, Guapimirim passou por uma verdadeira revolução na área da saúde. As políticas públicas adotadas pela gestão da prefeita Marina Rocha impactaram diretamente a qualidade de vida da população, com avanços estruturais e operacionais em toda a rede municipal.

Durante a pandemia da Covid-19, no início de seu primeiro mandato, o município enfrentava uma grave crise: hospital superlotado, falta de equipamentos, medicamentos e profissionais de saúde. Como uma de suas primeiras ações, a prefeita construiu o Centro de Tratamento da Covid-19 em tempo recorde. Foram cerca de 90 dias entre o início das obras e a inauguração. Com respiradores modernos e 18 leitos de UTI, o centro foi fundamental para salvar vidas no período mais crítico da maior crise sanitária do século. Ainda durante a pandemia, foram adquiridos aparelhos de hemodiálise para uso no Hospital Municipal, evitando que pacientes precisassem ser transferidos para outras cidades. Essa iniciativa foi decisiva para garantir atendimento rápido e salvar vidas.

Com a estabilização do cenário sanitário, Guapimirim deu início ao seu plano de reestruturação da saúde. A reforma do Hospital Municipal José Rabello de Mello foi um dos grandes marcos. A recepção foi totalmente remodelada, oferecendo mais conforto aos pacientes. A ala de pediatria também passou por ampla reforma, com leitos reestruturados e novos equipamentos em todo o hospital.

A atenção básica também avançou significativamente. Foram construídas cinco novas clínicas de saúde: na Rua 11, Orindi, Vila Olímpia, Parque Santa Eugênia e Praça Paulo Terra (Centro). Com boa estrutura física, equipes completas e oferta de especialidades, as unidades fortalecem o atendimento de rotina e ajudam a desafogar a demanda no hospital municipal. Outro projeto de impacto é o Remédio na Porta, que entrega gratuitamente medicamentos de uso contínuo diretamente na residência dos pacientes, garantindo comodidade e regularidade no tratamento. O atendimento de emergência também deu um salto. Em 2021, o município contava com apenas uma ambulância. Hoje, são sete veículos, incluindo uma UTI Neonatal — uma das poucas no estado do Rio de Janeiro. O SAMU conta com três ambulâncias, sendo uma exclusiva para o 2º distrito, que agora possui uma base descentralizada recém-inaugurada no Vale das Pedrinhas.

Em janeiro de 2021, a saúde pública de Cachoeiras de Macacu enfrentava um cenário crítico: o Ambulatório Padre Batalha estava fechado, a obra da UPA iniciada em 2013 seguia inacabada e o Hospital Celso Martins havia passado por greves e paralisações. Quatro anos depois, o município vive uma nova realidade. A gestão do prefeito Rafael Miranda promoveu uma ampla reestruturação da rede de saúde, com reformas, inaugurações, ampliação de serviços e investimentos em equipamentos e pessoal.

Saúde de Cachoeiras de Macacu passa por importantes transformações nos últimos 4 anos

A UPA foi finalmente inaugurada, garantindo atendimento de emergência a moradores de Agro Brasil, Papucaia e Japuíba, e desafogando o Hospital Municipal. O Ambulatório Padre Batalha foi reformado e hoje abriga o Centro de Especialidades Médicas e o Centro de Especialidades Odontológicas (CEO). Um marco da gestão foi a criação da Rede Casa do Autismo, que oferece terapias especializadas e apoio às famílias. Na atenção básica, diversas unidades da Estratégia Saúde da Família (ESF) foram reformadas, ampliadas. O Hospital Celso Martins foi modernizado e ganhou uma nova maternidade, além de diversos novos serviços. A frota da saúde também foi reforçada com novas ambulâncias e veículos para transporte de pacientes, inclusive com mais uma ambulância para o SAMU. Encerrando esse ciclo de avanços, foi inaugurado o CER – Centro de Especialização e Reabilitação, com atendimentos em fisioterapia e fonoaudiologia.

Teresópolis caminha na contramão dos avanços dos municípios vizinhos

A situação da saúde pública em Teresópolis revela um cenário preocupante, marcado pela falta de planejamento e pela descontinuidade das políticas públicas. Enquanto municípios vizinhos, como Magé e Guapimirim avançaram na modernização da rede de saúde, com investimentos em atenção básica, construção de Clínicas da Família e atualização de equipamentos, Teresópolis permanece estagnada em um modelo fragmentado, sem diretrizes claras para atender às necessidades da população. A atual gestão municipal demonstra incapacidade de priorizar ações efetivas, resultando em unidades de saúde precarizadas, falta crônica de medicamentos e insumos, e ausência de iniciativas de prevenção e promoção da saúde. Em vez de adotar uma visão estratégica, focada no cuidado integral e na redução de doenças, o poder público local insiste em medidas paliativas, como os “mutirões de consultas”, que não resolvem problemas estruturais.

Enquanto isso, pacientes continuam dependendo de transferências para outras cidades até mesmo para exames simples, sobrecarregando sistemas vizinhos e expondo a fragilidade do município. A promessa de um hospital municipal, feita pelo atual prefeito, gera expectativa, mas esbarra na realidade: sem priorizar a Estratégia Saúde da Família (ESF), base do atendimento primário, qualquer investimento em infraestrutura será insuficiente. A falta de articulação entre prevenção, diagnóstico precoce e tratamento condena a população a um ciclo vicioso de adoecimento e desassistência. Enquanto cidades da região transformaram a saúde em prioridade, Teresópolis parece ignorar as lições básicas de gestão.

 

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