Populista e controverso: os primeiros 60 dias do governo Leonardo Vasconcellos em Teresópolis

Com pouco mais de 60 dias à frente da Prefeitura de Teresópolis, Leonardo Vasconcellos (UNIÃO) enfrenta o desafio de equilibrar medidas populares com uma crise estrutural herdada, mas suas ações têm gerado mais desconfiança do que alívio.

A principal iniciativa de Vasconcellos foi a redução da tarifa de ônibus. No entanto, o “acordo” com a VDDL — empresa que até então reclamava dos altos custos operacionais e ameaçava aumentar a passagem — foi envolto em mistério. O prefeito não esclareceu como a concessionária aceitou a redução abrupta da tarifa ou como o município arcará com os eventuais custos, especialmente considerando a dívida existente com a empresa.

A medida, embora bem recebida pela população, trouxe o fim do sistema de integração, prejudicando os usuários que dependiam dessa conexão. Além disso, a gratuidade nas passagens aos domingos, também anunciada sem detalhes de financiamento, tem gerado críticas de moradores que reclamam que, apesar da gratuidade, há uma escassez de ônibus circulando. Outro ponto de tensão tem sido o atraso no pagamento do 13º salário dos servidores municipais e o decreto de calamidade financeira, que, juntos, desenham um cenário de contradição: uma gestão que tenta agradar a população com medidas paliativas, mas que falha em enfrentar de maneira efetiva a crise estrutural que assola o município. Além disso, o governo revogou a lei municipal 3315/14, que estabelecia critérios para publicidade e impessoalidade na administração, alegando gerar uma economia milionária aos cofres públicos. No entanto, a falta de transparência no processo tem gerado protestos e levantado suspeitas sobre o real impacto da medida. Em meio a acordos pouco claros, manifestações e desconfianças crescentes, Teresópolis parece à deriva, enquanto o prefeito aparenta estar mais focado em consolidar seu poder político do que em governar de fato. Se não houver uma guinada em direção à transparência e à gestão responsável, o “coelho da cartola” de Vasconcellos pode se revelar uma ilusão — e a conta, mais uma vez, recairá sobre os já desgastados moradores da cidade.

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